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sábado, 15 de agosto de 2009

Êxodos (para Sebastião Salgado)


I

O trem da vida
Pode bem ser o trem da morte
Tanto trem atravessando a vida
Da próxima vez eu vou voando para Bombaim.


II

As lagartas de aço
Cospem gente, cospem gente
Nas ruas das cidades a vida explode
empurra, urra, morde
Sem espaço para sorrir.



III

Milhares de prédios
Milhares de carros milhares que nascem
Milhares que morrem
Tudo aos milhares
E que São Paulo os abençoe.



IV

Quando descer
no aeroporto kennedy
Não se assuste
Como o tamanho dos edifícios
E o inglês tão complicado
você traz em seus olhos e genes
a grande mãe Rússia.



V

Qualquer lugar na Africa
Lugar de aprender
A velha arvore e sua sombra
Ensinam a ensinar



VI

Por trás das nuvens carregadas
Sempre um sorriso.
A vida sorri com a perna dilacerada
nesta Angola minada.


VII

Na dura caminhada andina
Deleite ter montanhas como companheiras.



VIII

Quando emigra o homem dos andes
Choram mulheres, crianças e lhamas
Sua masculina presença


IX

Ergam os braços e foices companheiros
Galhos carregados de alegria e esperança
Cheios de histórias e sementes para plantar


X

Pelos menos os lixeiros sabem
Que os moradores de rua
Não são lixo

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