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sábado, 9 de abril de 2011

Praia Vermelha

Caco verde de vidro cortante
Pedra polida na areia da praia Vermelha:
Arredondar arestas é da natureza da natureza

(ad)mirações

Muito concentrado passa o passarinho
Minha alma...
(voando de bicicleta)
lhe faz companhia por um instante:
‘Não posso parar para ser visto, hora do almoço’
‘Não vês que tenho responsabilidades’
‘Não tenho tempo a perder com admirações’
Urgência de passarinho na alma

this second is mine

this second is mine
there is an infinite in it
this second is mine
a next one is far away to find
my being dissolved in others, in things
A joy travels my soul instantly
I invite my memories and wounds to fly
this millenium is mine
I invite my ancestors to smile

De braços abertos

O navio Anatoli atraca no porto
o Airbus de Nova York ou do Japão pousa
junto chega o caminhão de sebo
naquela antiga rua do centro
Mas o que defini a cidade
é o que está fora de controle:
Os trens, os tomates, barcos e jornais, os valões
os escritórios, a mulher do vizinho, a igreja
os biquínis, as rodas de samba, a cocaína, Ipanema
a igreja, as alfaces, a feijoada e Copacabana
as ladeiras, os corpos no lixo, as bancas de frutas
O Cristo Redentor de braços abertos
no Corcovado rogando por nós
cariocas do Rio de Janeiro

paciência infinita

Fazem edifícios, elevados e pontes
Criam-se tuneis e automóveis
O cara de cão e o da Urca se divertem
com paciência infinita esperam a próxima novidade
São tolos os humanos?
De maneira nenhuma
só não sabem que os morros do Rio estão vivos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Holly Baixada

Não existe e não dá ibope
o ter, o ser e o morar na zona norte
Do avião a pequena faixa ensolarada
segue sitiada no imenso abraço apertado
Entre barricadas e check-points
olhos eletrônicos da Mossad carioca
reconhecem vigàrios, mendanhas e bangus
Dorme baixada!
sonha-se sinhã de cem escravos
Desperta baixada!
um outro lado da verdade espera
sabe que tudo é muito
mais que zona sul

lagoa

Do alto é linda!
De baixo mais ainda
Mas é pra poucos...
‘Poucos é muito?’
‘É muito e eu faço parte!’
No século dezessete
navios de todos as bandeiras
se acotovelavam na baía da guanabara
‘Como não posso?’
‘Não Antonio, não é para você’
‘Nosso canto é aqui em cima’
‘Perto das nuvens e de deus’
‘Mas daqui é tão bonito mãe’
‘É violento, é babilônia’
Ícaro ao reverso desce leve
deixa o corpo da cidade eletrizado
franzino em asas de capoeira
Antonio precisa dizer que a cidade
é linda para todos

Nossa Senhora de Copacabana

A praia em magnéticos vórtices se diverte
Arremessa ondas nos banhistas
O surf ideograma o mar e o time está completo:
Biscoito globo, futvolley, altinho, mate gelado
'Ai de ti se as notas vierem vermelhas!
Nossa Senhora:
Rogai pelo menino carioca que precisa ir à sexta série
Rogai pela escola chata sem vista para o mar
Rogai por todos nós descendentes de tupiniquims
e amantes de tua Copacabana

ageless

Ageless woman what drives you?
to be so without age
don’t you know
there is a time to be retired?
don’t you know
this is not for you?
You act like a school girl
when it is expected from you
to be an elder or a mature woman
when it is asked for you to be silly
you´re always in the wrong place
very close to happiness

quase

a cerveja gelada
o maracanã lotado
o biquíni
a praia
uma cidade quase maravilhosa
uma revolta quase sem volta
todas as fomes e sedes
num pais quase rico...
um cotidiano de corpos bonitos
feito de quase vitórias e muita sorte
que não se sabe da onde veio
o quase hospital
a quase polícia
a quase escola

terça-feira, 5 de abril de 2011

balanço dos anos

Eu sabia contar até cem...
Do lado de lá infinitas possibilidades
um abismo e mais um aniversário em família
que as dezenas ensinam a diminuir
os anos que faltam
Para que a soma e o balanço
balance livremente

Deus de Espinosa

Depois de intensa passagem pela vida vivida incorporar no belo, no vento na luz da manhã no pôr do sol para dar alento força aos que seguem ...