Nos sapatos guardadas
todas as viagens e encontros
inclusive as de amor
marcadas nas solas gastas
Nas roupas desejo de flanar ao vento
e no porto seguro do corpo ancorar
cores e tecidos
e essa tristeza surda, solitária
Sapatos e roupas ressuscitam-se
ou hibernam no armário
Até que do corpo do porto
partam em velas içadas rumo à vida
Como as memórias que dormem
e depois navegam rumo à primavera
Como as memórias que dormem
e depois navegam rumo à primavera
de um novo porto
de um outro litoral
de um outro litoral