Eu e minha imensa força
Eu e meu delírio:
napoleão e quixote no mesmo pacote
Eu, o todo, o princípio, a forma e a essência da vida
Condenado a incendiá-la
a fazê-la plena mesmo que seja por um instante
para que todos saibam que é
possível
Responsável pela conspiração poética das pequenas revoluções estéticas
pelos grandes atos heroicos do cotidiano
desconhecido
pelas grandes invenções de palavras doces
Eu, artífice e autor intelectual de ataques de
otimismo
declararei em alto e bom som que serei
um estraga prazeres do niilismo
irresponsável
de uma burguesia pseudo-liberal
de um
socialismo burocrático
Em praça pública, na internet, tevê aberta e
a cabo
proclamarei em alto e bom som que daqui para
frente
colocarei em pratica todas as minhas
habilidades
Em mim, famélicos de todas as fomes
tereis um obstinado construtor da liberdade
Serei um exemplo de uma incrível criatividade
usarei das mais avançadas tecnologias
de todos meios e formas
da mais alta cultura
da mais refinada estratégia
do cordel, da poesia de rua de Pernambuco
das conversas de comadres e compadres
dos versos do samba, do jongo e da embolada
para mostrar que a vida não é pouca coisa
destinada ao péssimo e a sorte
De pé, oprimidos e injustiçados de todo o mundo
unimo-nos nessas microscópicas vitórias éticas
de prazeres e alegrias clandestinas:
o presente é nosso!
de um socialismo burocrático