Morreu mais um e morreu mais um
e aquele lá morreu também
E o tal que aparecia demais na
TV
se foi e não deixou ninguém
Foi-se sem avisar
Deixou-nos á envelhecer sozinhos
entregues ao tempo cruel das
cidades imortais
que ficarão para sempre depois de
nós
Aquele lá era o embaixador do
bom humor
Aquele outro prefeito do lugar e guardião
da alegria
O que farão as crianças de agora
abandonadas pela sabedoria dos que já foram embora?
Com quem contarão?
Consigo mesmo, diria Nelson
Rodrigues:
“Envelheçam, envelheçam, envelheçam”
Para que antes de morrer façam o uso-fruto
de tudo que foi plantado
sem garantia alguma que não será arrancado
Envelheçam para que possam ir além de vocês
mesmossem garantia alguma que não será arrancado
e daqueles que já foram para o além