Em tom sarcástico, disse-me o sulista
que sertanejo quando sobe na vida
compra sabonete Phebo para marcar a virada
o fim das vagas magras
Toda vez que quero saber aonde vai dar um caminho
lavo o rosto com o sabonete de meu pai
Sertanejo que já foi para o andar de cima
na memória o cheiro da tangerina encardido na pele
na memória o cheiro da tangerina encardido na pele
o cravo mascado na boca de bom hálito
Por onde passava deixava o perfume da vitória da
alma
Na vida dos outros, no mundo, no turbilhão das cidades
onde os sonhos de menino podem não achar caminho
onde os sonhos de menino podem não achar caminho
os perfumes de meu pai lembram-me do essencial
O aroma da felicidade aprendi a reconhecer
ao cheirar o cangote de minha mãe
Uma sertaneja prodiga em cheiros e aromas
como este do cuscuz de milho que vem lá da cozinha
exalando seu chamado
ancestral