O lenço flutuou no ar como luz e seda
A despedida era metal do trem
que ia pelo fim da tarde
carregando uma historia de amor
Quanto mais o trem caminhava
mais distante o presente ficava
Horas depois não era nada
no barulho noturno o passado chiava
Tempo de estudar na cidade grande
Sinhazinha vai ser doutora
Ricardinho tem que aprender as lidas da fazenda
Uma história pequena dissolvida no grande drama
das distâncias, das injustiças, das diferenças
Um dia sinhazinha volta...
Já é doutora com autoridade e foto
para colocar na parede junto com o diploma
Vem acompanhada do rapaz da cidade
Ricardinho sabe da novidade
Uma dor quase presente dói no passado
Tudo está certo quando nem tudo é remediado
Sinhá visita a fazenda aos feriados e domingos
Traz seus filhos que brincam com os filhos dele
Seu Ricardo é capataz da fazenda dos avós dela
Está tudo contado e pesado nos desacertos dessa vida
Só quem viveu um sonho de infância roubado
pelos trilhos de metal e seda
que atravessam o futuro no passado
que atravessam o futuro no passado
vai saber cantar este mundo