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sábado, 10 de outubro de 2020

O Poeta e o Nada

a sombra que me cruza o olhar

desvia e vaga pelo mundo

o mundo triste das criaturas

que só sabem ser


quando a luz me atravessa

a consciência do nada vem

como esta noite

que chega despercebida


sei que nada tenho

de posses desprovido

tenho essas poucas palavras

que me visitam como os cometas


como pássaros nos galhos

que roçam a janela na ventania

o ar quente dos trópicos

faz as palavras flutuarem


como folhas secas rodopiando

em uma praça sem nome

as vezes canso deste mundo

canso dos ponteiros do relógio


no riacho escondido na mata

respiro mais uma vez

outra, e mais uma

sou um homem humilde


de um lugar não escolhido por mim

tenho medo de sofrer de realidade

suspiro versos e sigo:

sou poeta





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