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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

O Sorvete de Amora

Sentado no parque saboreio

o sorvete da amora escarlate

Investigo nos alfarrábios do corpo

as diferenças com as amoras da minha infância

O sabor levemente picante e acido


trazem-me a  lembrança 

do pular o muro do convento

de encher um copo de amoras maduras

debaixo da amoreira do colégio Santo Antônio

sem ser pego pelo madre superiora


A inicial semelhança do sorvete com a fruta

se desvanece pela chegada de outros sabores:

o medo, a aventura, o céu azul

Ao buscar a amora no baú da memória

a ancora de um velho navio 


vem a tona para definir o que é a amora

que mora no passado do meu corpo

entrelaçada na miríade de memorias naufragadas

sabores e imagens de um mundo inédito

que não existe mais


De repente, uma criança me desperta da busca

convida-me a brincar com ela 

Na minha frente, o passado e o futuro 

um presente infinito para redefinir a amora em mim

entre memórias e a invenção dos mundos


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