Sentado no parque saboreio
o sorvete da amora escarlate
Investigo nos alfarrábios do corpo
as diferenças com as amoras da minha infância
O sabor levemente picante e acido
trazem-me a lembrança
do pular o muro do convento
de encher um copo de amoras maduras
debaixo da amoreira do colégio Santo Antônio
sem ser pego pelo madre superiora
A inicial semelhança do sorvete com a fruta
se desvanece pela chegada de outros sabores:
o medo, a aventura, o céu azul
Ao buscar a amora no baú da memória
a ancora de um velho navio
vem a tona para definir o que é a amora
que mora no passado do meu corpo
entrelaçada na miríade de memorias naufragadas
sabores e imagens de um mundo inédito
que não existe mais
De repente, uma criança me desperta da busca
convida-me a brincar com ela
Na minha frente, o passado e o futuro
um presente infinito para redefinir a amora em mim
entre memórias e a invenção dos mundos
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