Para um jantar convidei a mim
e as versões de mim
ensaiadas e esperadas pelos outros
Convidei aquele eu
de cada um dos outros
para festejar a compreensão
de que não sou apenas eu e todos
Entre a versão do eu que escreve
e aquela que imagina
Uma outra apenas ouve
a terceira olha para inéditos detalhes
A comida posta era feita do eu
marinado de percepções e versões
Magoas e expectativas foram também servidas
Na sobremesa a nem sempre doce acusação
Memorias boas contudo ornavam os pratos
e o chá da concórdia ao final foi servido
Como Clarice, em um suspiro confessamos
"Estou cansado de quer ser o outro...
...quero ser o outro do outro"
Um jogo de espelhos
não permite impor a verdade
do eu aos outros e vice-versa
A imagem desconhecida do eu
era a distorção exata do outro
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