O poeta é um ilustre desajeitado
Cidadão honorário do esquecimento
Médico de desgastadas almas
Advogado de causas infindas
Equilibrista sem corda nem circo
Palhaço do espetáculo citadino
Especialista no desabandono
de coisas inúteis e de horários perdidos
Assim como bombeiros, policiais e enfermeiros
Sua atividade é de primeira necessidade
O poeta dá cola nas finitudes da cidade
Cada corpo, cada pedra e arbusto
Fio de cabelo, inseto ou passarinho
cabe na cidade pois existem poetas
Fazem de tudo para que o todo
não desmanche no ar
A olho e a dedo compõem
as regras versadas de uma ética prática
Constroem invisíveis edifícios e alamedas
onde o impossível é vizinho do possível
O ilustre Poeta é versado em convivência
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