I
As plantas dos meus pés
aterrizam primeiro que a consciência
no solo da existência
Aterrizam primeiro como coisa
depois como ente
Nada é gratuíto nesse pouso
Fosse coisa seria materia apenas
para fazer outras coisas
II
tapar buracos
ser combustível dos outros
Como ente mente de verdade
escolhe, brinca também usa
para ser fíel a si mesmo
Mas pode ser dual
como o terceiro excluido
corpo, coisa e ente
III
entre a doença e a vitalidade
Gente, gente, gente
O peso que esses ossos e cartilhagens
carregarão nos pés até o fim
Se peso 400 quilos
ás vezes sou pluma
A gravidade me assusta
essa leveza de existir
IV
Mas acordo de um baque:
é preciso comer, vestir, dizer bom dia!
A coisa toda quer andar
quer ser feliz
o corpo sorri de sábado
a graça acontece de novo
o sol nasce e o café escorre
para dentro do corpo
V
Vamos jogar alguma coisa?
Tirar coisas do lugar
para que a vida interessante
seja para o entendimento
As plantas dos pés pousam no planeta Terra
Em 1969, alguém pousou na lua
Entre o peso e a consciência
tem uma leveza que leva tempo
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