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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Coisa, Corpo e Ente

I

As plantas dos meus pés

aterrizam primeiro que a consciência

no solo da existência

Aterrizam primeiro como coisa

depois como ente

Nada é gratuíto nesse pouso

Fosse coisa seria materia apenas

para fazer outras coisas


II

tapar buracos 

ser combustível dos outros

Como ente mente de verdade

escolhe, brinca também usa

para ser fíel a si mesmo

Mas pode ser dual

como o terceiro excluido

corpo, coisa e ente


III

entre a doença e a vitalidade

Gente, gente, gente

O peso que esses ossos e cartilhagens 

carregarão nos pés até o fim

Se peso 400 quilos

ás vezes sou pluma

A gravidade me assusta

essa leveza de existir


IV

Mas acordo de um baque:

é preciso comer, vestir, dizer bom dia!

A coisa toda quer andar

quer ser feliz

o corpo sorri de sábado

a graça acontece de novo

o sol nasce e o café escorre

para dentro do corpo


V

Vamos jogar alguma coisa?

Tirar coisas do lugar

para que a vida interessante 

seja para o entendimento

As plantas dos pés pousam no planeta Terra

Em 1969, alguém pousou na lua

Entre o peso e a consciência

tem uma leveza que leva tempo

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