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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O galeão holandês, a cidade e o mar

O galeão da empresa holandesa Vanord 

é recebido com festa pelos nativos da Ponta Negra 

O mar ameaçador subia sem controle

em golpes de ondas sobre a costa indefesa

A embarcação europeia recém-chegada 

traz a boa nova:

será abrasado e controlado

O mar será acalmado de vez

com a areia da própria praia:

cavando de um lado

o que faz falta do outro


(Os galeões vão para as guerras

tem 4 mastros

transportam grandes cargas

As caravelas são menores e rápidas)


Alta noite, os natalenses dormem

O galeão enche os porões de areia 

Terríveis máquinas dragam o leito macio

da praia indefesa e ancestral

 

"A Ponta Negra engordada e reformada

será o início de uma nova vida"

Bradam os líderes locais

"Natal será a nova Amsterdã"

"Calem os pessimistas"

"Calem os filhos de Câmara Cascudo"

 

A nau holandesa esconderia segredos?

Seriam apenas bons forasteiros

dispostos a nos ajudar?

Em 1942, os Norte-americanos aqui estiveram

deixaram uma bela Parnamirim field

alguns filhos, memórias da guerra e se foram

 

O mar, o mar

O mar crescia e assustava

mas era a cidade que avançava sem parar 

Agora será diferente 

Vai dar certo!

Da praia renascida

surgirá uma nova cidade praiana

de onde jorraram camarões e castanhas

do alto dos arranha-céus

Será a mais bela vista do Morro do Careca

cada vez mais careca

 

Os marinheiros holandeses observam:

"Como os nativos ainda caem nessa

depois de quinhentos anos?"

 

O mar vai subindo por todos os lados

As cidades avançam por todos os cantos

Os holandeses continuaram a vender 

soluções espelhadas a la carte

para contradições escondidas

debaixo das areias da praia da Ponta Negra


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