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domingo, 1 de dezembro de 2024

Duas Formas de Correr (Jalaladim Rumi)

TWO WAYS OF RUNNING


A certain man had a jealous wife

and a very, very appealing maidservant.

The wife was careful not to leave them alone,

ever. For six years they were never left

in a room together.

But then one day

at the public bath the wife suddenly remembered

that she'd left her silver washbasin at home.

"Please, go get the basin," she told her maid.

The girl jumped to the task, because she knew

that she would finally get to be alone

with the master. She ran joyfully.

She flew,

and desire took them both so quickly

that they didn't even latch the door.

With great speed they joined each other.

When bodies blend in copulation,

spirits also merge.

Meanwhile, the wife back at the bathhouse,

washing her hair, "What have I done!

I've set the cotton-wool on fire!

I've put the ram in with the ewe!"

She washed the clay soap off her hair and ran,

fixing her chador about her as she went.

The maid ran for love. The wife ran out of fear

and jealousy. There is a great difference.

The mystic flies moment to moment.

The fearful ascetic drags along month to month.

But also the length of a "day" to a lover

may be fifty thousand years!

You can't understand this with your mind.

You must burst open!

Fear is nothing to a lover, a tiny piece of thread.

Love is a quality of God. Fear is an attribute

of those who think they serve God, but who are actually

preoccupied with penis and vagina.

You have read in the text where They love him

blends with He loves them.

Those joining loves

are both qualities of God. Fear is not.

What characteristics do God and human beings

have in common? What is the connection between

what lives in time and what lives in eternity?

If I kept talking about love,

a hundred new combinings would happen,

and still I would not say the mystery.

The fearful ascetic runs on foot, along the surface.

Lovers move like lightning and wind.

No contest.

Theologians mumble, rumble-dumble,

necessity and free will,

while lover and beloved

pull themselves

into each other.

The worried wife reaches the door

and opens it.

The maid, disheveled, confused, flushed,

unable to speak.

The husband begins his five-times prayer.

The wife enters this agitated scene.

As though experimenting with clothes,

the husband holds up some flaps and edges.

She sees his testicles and penis so wet, semen

still dribbling out, spurts of jism and vaginal juices

drenching the thighs of the maid.

The wife slaps him

on the side of the head,

"Is this the way

a man prays, with his balls?

Does your penis

long for union like this?

Is that why

her legs are so covered with this stuff?"

These are good questions

she's asking her "ascetic" husband!

People who renounce desires

often turn, suddenly,

into hypocrites!


DUAS FORMAS DE CORRER

Um certo homem tinha uma esposa ciumenta
E uma criada jovem, de beleza sedutora.
A esposa era cuidadosa, nunca os deixava a sós.
Por seis anos, nunca estiveram sozinhos,
Nem por um instante.

Mas um dia, na casa de banho,
A esposa de repente lembrou
Que tinha deixado em casa
O prato de prata para o sabão.
“Por favor, vá buscar o prato,”
Ela disse à criada.

A moça saiu apressada,
Seu coração disparado,
Pois sabia que, finalmente,
Ficaria sozinha com o senhor.
Ela correu cheia de alegria,
Quase voava.

E o desejo tomou ambos tão rápido
Que nem trancaram a porta.
Com grande pressa,
Uniram-se em um só.
Quando os corpos se juntam na cópula,
Os espíritos também se fundem.

Enquanto isso, a esposa, na casa de banho,
Lavava os cabelos com argila,
E então se deu conta, assustada:
“O que eu fiz!
Coloquei a lã em cima do fogo!
Juntei o carneiro à ovelha!”

Ela lavou rapidamente o sabão do cabelo,
Ajustou o véu e saiu correndo,
Movida pelo medo e pelo ciúme.

A criada corria por amor.
A esposa corria por medo e ciúme.
Que diferença enorme!

O místico voa de momento a momento.
O asceta temeroso se arrasta
De mês a mês.
Mas para o amante,
Um dia pode durar cinquenta mil anos.

Isso não se entende com a mente.
É preciso se abrir!
Para o amante, o medo não é nada,
Um fio insignificante.
O amor é uma qualidade de Deus.
O medo é atributo
De quem acredita servir a Deus,
Mas está, na verdade, preocupado
Com coisas terrenas.

Você já leu nas escrituras:
“Aqueles que O amam
Se tornam um com Ele,
E Ele com eles.”
Essa fusão do amor
É uma qualidade divina.
O medo, não.

O que há em comum
Entre Deus e os homens?
O que conecta
O que vive no tempo
Com o que é eterno?

Se eu continuasse a falar sobre amor,
Mil novas combinações surgiriam,
E mesmo assim,
Eu não diria o mistério inteiro.

O asceta corre devagar, na superfície.
Os amantes se movem como relâmpago e vento.
Não há comparação.

Os teólogos murmuram,
Necessidade e livre-arbítrio,
Enquanto amantes e amados
Se fundem completamente.

A esposa chega à porta e abre.
A criada, despenteada, confusa, corada,
Sem conseguir falar.
O marido começa suas orações diárias.
A esposa entra na cena agitada.

Como se experimentasse roupas,
O marido tenta ajeitar-se,
Mas ela vê os testículos,
O pênis ainda molhado,
Esperma escorrendo,
E os fluidos vaginais
Encharcando as coxas da criada.

A esposa o golpeia na cabeça:
“É assim que um homem reza, com suas partes?
Seu pênis deseja união assim?
É por isso que as pernas dela
Estão cobertas com isso tudo?”

Essas são boas perguntas
Que ela faz ao marido “asceta”!
Pessoas que renunciam desejos
Muitas vezes se tornam, de repente,
Grandes hipócritas.

Duas Formas de Correr (Jalaladim Rumi)

TWO WAYS OF RUNNING A certain man had a jealous wife and a very, very appealing maidservant. The wife was careful not to leave them al...